Uma ferida é uma marca. As marcas são singularidades. A
singularidade é a rota do destino.
Corto tinha uma mão incompleta. Não lhe faltavam dedos,
porque o lado funcional nem sempre serve para completar. Faltavam-lhe linhas. A
mãe era cigana, as linhas eram os seus olhos. Mas na palma dele faltava-lhe a
linha da sorte.
Corto agarrou numa faca. Cravou a lâmina na pele e sangrou
uma linha.
O destino é uma ferida. Com ele, Corto traçou a sua própria
sorte.
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1 comentário:
Escrevi este poema para ele:
Oh eu não sou nada
As minhas origens dizem pouco
A minha mãe, cigana viajante,
Ensinou-me a ler nas estrelas os poetas da antiguidade
O meu pai está lá fora, em viagens, ausente
Desse mundo fugi eu e a liberdade tomei
Marinheiro pelo romantismo
Vagabundo pela fé
Cavaleiro da fortuna de sangue
Pelo corte que na minha mão
A linha da sorte traçou
para o Corto, com amor
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