sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Riot II


O bairro social foi invadido.
O povo protestava. A sua marcha para ali se dirigiu.
Protestavam contra a pobreza.
Os habitantes viram a marcha. Tentaram-se juntar ao protesto.
Um pôs-se em frente ao protesto em marcha. Mas a marcha não parou. O seu corpo sucumbiu aos pés dos outros.
A marcha queria eliminar a pobreza.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Riot I


A praça era enorme. A maior de todo o continente.
Ali estava situada a assembleia.
Ali se decidia o futuro.
O povo empobrecia. O povo estava farto de pobreza. Farto das disparidades.
O povo quis protestar.
Mas a praça continuou vazia.
A praça continuou a ser a maior de todo o continente.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

No Man's Land II


Veio um tsunami. Arrasou a ilha que era o país. O treinador sobreviveu.
Passou tempo. O treinador disse: «vamos jogar futebol».
Responderam-lhe. «Os jogadores morreram quase todos».
O treinador reuniu os sobreviventes e arranjou novos jogadores.
Responderam-lhe. «O campo de futebol foi destruído».
O treinador reuniu a equipa e reconstruiu o campo.
Responderam-lhe. «Todas as bolas se perderam».
O treinador reuniu novas bolas vindas do estrangeiro.
Responderam-lhe. «Para quê?».

terça-feira, 25 de setembro de 2012

No Man’s Land I


O treinador treinava futebol.
Havia um país que era uma ilha.
O país que era uma ilha convidou o treinador para vir treinar futebol.
O treinador fez vários jogos. Perdeu muitos. Ganhou outros. Mas estava contente: houve uma evolução nos jogadores.
No balneário, o treinador elogiou os jogadores, um a um. Eles abraçaram o treinador. Disseram:
«O futebol é a nossa vida».

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Guerra Santa II


O escritor suava. Estava calor. A esplanada estava à sombra. Mas a cidade eliminava as brisas. A fonte, no centro da praça, secara com a crise.
O entrevistador perguntava-lhe as diferenças entre o ocidente e o oriente.
O escritor soprava para dentro da camisa. Depois tocou na garrafa vazia.
O ocidente também queima.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Guerra Santa I


No café, o entrevistador perguntou-lhe se queria tomar algo.
O escritor pediu uma coca-cola.
Cruzava as pernas como uma mulher. A pose denunciava-lhe delicadeza. As calças eram beges, os sapatos castanhos. Não usava meias. Tinha uma camisa azul, mangas dobradas até ao cotovelo. O cabelo era cinzento e curto. A barba fora feita nessa manhã. Usava óculos. Aro simples. Discretos.
Vivera uma vida na Europa. Estudara na Europa. Tivera professores europeus. Namorara colegas europeias. Trabalhara em firmas europeias. Defendera interesses europeus.
A entrevista começou. Apresentaram-no. Disseram: é um dos escritores árabes mais conhecidos do mundo.
Mas a que mundo pertenciam as suas palavras?

A Definição das Ilhas

A Definição das Ilhas é um conjunto de pequenos textos que escrevi há algum tempo.
Durante as próximas semanas será publicado um por dia (excepto aos fins-de-semana, quando o blog vai para a praia).