Charles-Édouard nadou.
Mas porque escolhera ele nadar?
Pintava de manhã. Projectava arquitectura de tarde.
Era poético, de manhã.
Prático, de tarde.
No meio, naquela hora em que almoçava, o que era?
Um mero corpo. Alimentando-se.
Pintava e falhava de manhã. Projectava e falhava de tarde.
No meio era um mero corpo. Alimentando-se.
Pintava e às vezes nem sabia se falhava, de manhã.
Projectava e às vezes a arquitectura falhava, de tarde.
No meio continuava a ser um mero corpo. Alimentando-se.
Pintava e pintar é falhar, de manhã.
Projectava e a arquitectura é falhar, de tarde.
No meio, um mero corpo. Alimentando-se.
Pintava e falhava, porque arte é só isso: Falhar. De manhã.
Projectava e falhava, arquitectura é isso: Falhar. De tarde.
No meio. Corpo. Alimentando-se.
Falhar é o único caminho para não falhar.
Só não falha quem morre.
Porque morrer é o fim.
O fim é a perfeição.
Charles-Édouard nadou até não aguentar mais.
Morrer assim, era um mero corpo. A falhar.
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