quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

The spectacular is of very little use in the field of human habitat* III

Ele chega ao seu prédio e este está sujo. Na fachada, a poeira e a poluição cobrem os graffitis e os tags manhosos.
Ele entra, sobe no elevador, vê escrito, dentro daquele compartimento, todo o tipo de nomes, riscados sobre superfícies metálicas, para perdurarem no tempo. Vê pilas e bonecos ordinários, corações ligados a símbolos matemáticos.
Sai no seu andar.
Roda a chave, na porta de casa.
Abandona o pincel e o balde vazio que trazia. Deixa-os do lado de fora. Pensa na maldita da gorda.
Entra em casa. Tudo está branco. As paredes, o chão. O hall não tem nada. A sala também não. Dirige-se à casa de banho. Despe-se e introduz tudo no cesto da roupa. O espelho mostra-o nu.
Toma banho. Quando sai, o espelho está embaciado. Ele desenha sobre o espelho.
No dia seguinte, repete tudo. Mas, antes de tomar banho, repara que o espelho perdeu os seus desenhos. De novo, só sobra ele, nu.


* Shadrach Woods

Sem comentários: