terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Countdown to Oblivion 3...

O homem da guitarra pensa que está a tocar uma balada, quente, sórdida. Mas já não se ouve. Só lhe interessa o final. Sair do túnel. Avançar até ao arbusto. Mijar.
Mas não consegue. Espera um pouco. Tenta de novo. Esforça-se. Tem vontade. Mas não consegue. Algo no seu corpo mudou. Ele não consegue.

O homem das pinturas está em frente ao espelho. Os desenhos mudavam sempre. Desapareciam e ficava o corpo, imutável. Mas agora o corpo tinha uma estranha mancha. Ele agarrou no pincel. Sobre a pele, uma mancha escura. Fez movimentos com o pincel. Sobre o espelho, a tinta, imutável.

A embalagem no microondas. Ela com uma dor súbita e estranha. Potência regulada para 1000W. Ele a levá-la para o hospital com a dor invisível. O manípulo do temporizador, rodado para 1 minuto. No hospital os toques, apalpões, as tentativas em vão. O dedo, pressionando o botão START.
Primeira radiografia: inconclusiva.
Segunda radiografia: incompetência.
Terceira radiografia: incerteza.
Quarta radiografia: nova dúvida.
Quinta radiografia: estupidez.
Sexta radiografia: ingenuidade.
Sétima radiografia: porque sim.
A radiação sobre a carne. A radiação sobre o corpo.

Outra mulher não sabia o que fazer. O corpo é o último refúgio. Ela vê como o sangue lhe escorre pelas pernas.
A casa merecia ser suja.

Algo está errado. 

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