Lou sonhou como era morrer sem cicatrizes.
As flores em torno do seu caixão posicionavam-se simétricas. Os bilhetes apresentavam condolências. Vinham de vários ateliers de arquitectura. Lia-se neles: “para o nosso colaborador”; “para o nosso antigo colaborador”; “para o sr. arquitecto”. A sua esposa, porque era assim que toda a gente se referia à sua esposa, pagou o funeral com o dinheiro que haviam poupado. E não chorava. A vida é assim, ela aceitava-a.
Um dia, Lou sonhou como era morrer sem cicatrizes: era confortável.
Então acordou, pegou no seu bilhete de identidade e riscou-o: riscos sobre o seu nome, riscos sobre a sua morada.
O seu nome eram as cicatrizes.
A sua morada eram as cicatrizes.
A sua identidade…
...e foi trabalhar.
...wiki...
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