segunda-feira, 2 de junho de 2014

Sobre o meu romance: A Raiz do Mundo



Luís é um jovem lisboeta que perde a mulher que ama e, com ela, todos os laços que o prendem ao mundo. Admitindo que a sua vida deixou de fazer sentido, Luís parte para o Macongo para empreender a mais difícil das viagens – aquela que o devolverá a si próprio. À medida que Luís penetra na grande capital, Mufassa, e depois na densa selva do interior, descobrimos um país de contrastes, onde o luxo, o vício e a violência convivem com a pobreza e a vulnerabilidade extrema. Sobre as ruínas da África colonial nasce a falsa prosperidade e a democracia encenada por governos corruptos e pelos interesses das grandes potências mundiais.

A Raiz do Mundo mostra-nos esta realidade através de vários e riquíssimos microcosmos – o íntimo das personagens. Desde o rapaz que se torna num mercenário cínico, passando pelo padre que procura a liberdade, mas acaba enfeitiçado pelo corpo de uma mulher, pelo senhor da guerra que acredita ser a reencarnação do medo, pelo coronel português, cego perante a queda do Império, ou pela esposa perfeita cujo casamento se revela um pesadelo – todos parecem ceder ao fascínio maligno da selva.

Onde comprar:
verso da história
wook
bertrand

Ou então vão até à feira do livro e passem no stand da Verso da História

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Escultura


Queria tirar uma fotografia à praça maior da Europa.
Uma rapariga apareceu.
A rapariga figurou na fotografia da praça.
O outro disse não. Não queria a rapariga, só a praça.
A justificação da fotografia era a rapariga conferir escala.
«Mas a praça não merece ser suja pelo homem.»

Há quem prefira ver o mar.
Há quem prefira ver a ilha.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Riot Bucólico


Um arquitecto vivia no campo.
O filho teve uma dúvida. Perguntou-lhe sobre a cidade.
O arquitecto apontou para um livro.
«A cidade está naquele livro.»
A mulher chamou-o. Disse-lhe: «Os teus edifícios estão nas notícias».
O arquitecto viu o bairro social onde o povo protestava.
Viu como o povo atacava os seus edifícios.
Disse: «A arquitectura não tem culpa das pessoas.»

Há arquitecturas que são ilhas.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Ferro II


Era noite e o arquitecto mais velho continuava sobre o corrimão.
Juntou-se outro mais novo.
Perguntou-lhe se não era extraordinário:
«Estamos a mudar a história, estamos a mudar a história da cidade.»
O arquitecto mais velho olhou para o horizonte.
Viu as luzes longe, no continente. Disse:
«Daqui, a cidade não tem homens.»
O arquitecto mais velho tinha palavras de ferro.