sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Fantasma no Escritor Fantasma

Ele escrevia apenas palavras. Mas nunca lhes dava uma voz.
Escrevia para os outros o lerem. Alto.
Escrevia para que os textos não fossem seus.
Entregou o discurso à presidente. Foi para casa. Beijou a sua mulher. Jantaram os dois. Luz das velas. Vinho morno. Talvez amor.
De madrugada, na cama, depois de tudo, ele quis conversar. Falou sozinho durante minutos. Ela calou-o.
Às vezes não gostava de o ouvir.
Às vezes não parecia ele.

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