quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Countdown to Oblivion ...2...

Eles avançam pelo corredor verde.
Os outros caminham pelos passeios sujos.
Abrem-se portas, cruzam-se enfermeiras, estacionam-se as macas.
Os prédios têm as suas entradas fechadas. As luzes estão fundidas. Os carros deixaram de apitar.
Eles avançam pelo corredor verde e a enfermeira pede-lhes para esperar.
Os outros caminham de máquina em punho, tiram fotografias às fachadas poluídas.
A enfermeira chama o médico.
Os sorrisos guardados na máquina.
Eles choram, abraçados, com a notícia do médico.
Os outros abraçam-se, simulando poses, fotografando-se.
Ele está numa cama, no hospital. O quarto limpo e cuidado. O soro ligado por tubos. A ventilação, inútil, trabalhando suave. As drogas para as dores, disponíveis, intocadas. Eles choram, querem vê-lo. O médico não os deixa olhar.
Ela está no meio do passeio. Porca e imunda, vertendo líquido pelas feridas, molhada pela chuva. A silhueta, contorcida pelas dores, mordida pelos ratos. Os outros passam por ela. Mas não olham.
Morte é morte.

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