segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Cidade Estagnada III

Gorda, suada e pobre. Ela regressa a casa. Não chove, mas carrega na mesma o guarda-chuva, porque lhe compete carregar o peso da incógnita.
Chega ao muro que fora amarelo. Vê que muda, outra vez. Vê um homem, a pintar o muro, a escrever no muro. Vê o balde de tinta, o amplo pincel e vê que ele não lhe liga.
A gorda ergue o guarda-chuva e com ele, bate no homem.
O homem, a princípio não reage, surpreso. Depois riposta. Prega-lhe um murro. Ela cai, tropeça no balde, aterra sobre a tinta.
Regressa a casa. Carregada, suja, magoada, pintada, suada, gorda, pobre e miserável. Ridícula, por algo tão simples como existir.
Pergunta ao marido, “como foi o teu dia?”.

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